Vá de bike


Nas ruas do Recife, como em todas as grandes cidades, o cenário não muda. Carros circulam lentamente pelas principais vias, motoristas gastam muito para manter o veículo e ainda perdem tempo e paciência enquanto estão presos no trânsito. Já os usuários de ônibus e metrô, sofrem com a estrutura dos veículos, a demora, a lotação.

Para quem busca qualidade de vida, a alternativa veio em forma de bicicleta.
Nos últimos anos, não é raro ver ou conhecer alguém que a utilize para ir ao trabalho. O que para milhares de pessoas era um mero objeto de lazer, tornou-se meio de transporte diário, usado por quem quer fugir dos congestionamentos, economizar combustível, poluir menos e aproveitar alguns minutos do dia para se exercitar.

É o caso de Célio Câmara, técnico ministerial, que há três anos pedala de sua casa em Boa Viagem até o trabalho, na Boa Vista. O percurso de ida e volta é de 24 km, feitos em cerca de 40 minutos cada trecho. “A vinda de ônibus é até tranquila, mas na volta, perco mais de uma hora, sem contar com o tempo de espera na parada. De bicicleta, além de mais rápido, chego com mais disposição no trabalho”, avalia ele que, com exceção dos dias de chuva, faz do pedal uma prática diária.

Foi Célio quem incentivou o colega José Emerson Diniz, que mora no mesmo bairro, a mudar de hábitos. Há um ano e meio ele decidiu descer do ônibus para subir na bike. “A vinda de ônibus ou metrô era um tempo morto e eu queria aproveitar esse tempo para fazer uma atividade física, então aderi à bicicleta. Muitas vezes a gente anda em dupla, que é mais seguro, e ainda pode desfrutar da cidade”.



Eles são exemplos do novo perfil de ciclista, o profissional de classe média que busca mais qualidade de vida, e faz isso incluindo uma atividade física na rotina e reduzindo a dispersão de poluentes no ar.

A pouca prática de exercícios não serve como desculpa para não começar. Se você escolher pedalar num ritmo leve, descobrirá que andar de bicicleta não é mais cansativo que uma caminhada. Faça um teste pelo percurso do trabalho no fim de semana. O tempo gasto é mais um incentivo. Um ciclista comum transita a 16km/h. Pedalar um trecho de 6km – ou menos – em áreas urbanas leva menos tempo que dirigir a mesma distância. E para distâncias entre 6 e 10km, o tempo é o mesmo. Para distâncias maiores, ainda assim há economia de tempo, pois o exercício diário é feito durante a locomoção.



Petrônio Sabino, técnico ministerial, tem paixão pelo esporte e para evitar perder tempo preso no trânsito decidiu estender a prática do ciclismo para ir ao trabalho. Ele pedala seis vezes por semana, cerca de 16 km por dia. A economia de tempo no trajeto para o trabalho é um dos pontos positivos apontados por ele, junto com a melhora no condicionamento físico.

Rápido e fácil

Quem mora no Recife e Região Metropolitana nem precisa ter uma bicicleta para ir pedalando ao trabalho. Duas empresas oferecem o serviço de aluguel a preços bastante convidativos, a Bike PE – com estações distribuídas em pontos estratégicos da RMR – e a Porto Leve, com serviço exclusivo no Recife.
 
Para começar a usar o serviço, é preciso cadastrar-se no site das empresas. As tarifas variam de R$5 diário a R$10 mensal. O Bike PE ainda oferece a opção Vale Eletrônico Metropolitano (VEM), na qual o valor cobrado é de R$ 10 por ano. Também oferta o serviço "Passe Diário", em que não há necessidade de cadastro prévio no site e o aluguel é feito via telefone celular.

A bicicleta pode ser usada por 30 minutos ininterruptos de segunda a sábado, e, aos domingos, o tempo de uso sobe para uma hora. O usuário pode utilizar a bike quantas vezes desejar por dia. Desde que, após essa meia hora, devolva o equipamento em qualquer estação por um intervalo de 15 minutos. Para continuar utilizando a bicicleta, sem fazer a pausa, serão cobrados R$ 5 por cada 30 minutos subsequentes.

É possível executar todo o processo por telefone. Basta baixar o aplicativo Bike Pe onde é possível se cadastrar, adquirir passes de utilização, retirar bicicletas das estações e localizar estações.

Começar com segurança

Mas mesmo quem tem experiência no pedal reconhece os perigos do trânsito e a vulnerabilidade de quem está na bicicleta. “A chance de sofrer um acidente é maior, porque os motoristas não respeitam os ciclistas”, alerta Petrônio Sabino.
Por isso, vale a pena treinar um pouco em grupo antes de aventurar-se sozinho pelas ruas. Para quem quer pegar o ritmo e os macetes do pedal, uma dica é participar de um dos grupos de ciclistas que fazem passeios pela cidade. Eles se reúnem em vários bairros e dividem-se de acordo com o nível de experiência de cada ciclista, o que facilita a adaptação dos novatos.

Mas há também quem está disposto a dar aulas para os iniciantes. É o caso dos Bike Anjos, ciclistas experientes que ajudam quem quer aprender a andar de bicicleta na cidade com mais segurança. Eles trabalham com pequenos grupos acompanhando-os em suas primeiras pedaladas, ensinando os melhores trajetos, manutenção básica da bike e medidas de segurança no trânsito. Todos são voluntários e o serviço é gratuito, basta preencher um formulário e aguardar o próximo encontro.

Para evitar surpresas desagradáveis durante o trajeto, capacete e luva são acessórios indispensáveis. A roupa usada também faz diferença. Quem pedala, transpira. Por isso, escolha uma roupa para pedalar e leve na bolsa a que irá trabalhar. Outra solução é deixar algumas peças de roupa no local de trabalho. Assim, mesmo que sue bastante, basta trocar de roupa quando chegar. José Emerson já estabeleceu uma rotina. “Aqui não tem chuveiro, mas eu deixo um kit de higiene na sala e sempre que chego faço uma limpeza rápida no corpo, tiro o suor e troco de roupa”, ensina.

Um dica é equipar a bicicleta com um alforge (tipo um porta-malas), que facilita o transporte de roupas e assessórios como laptops, bolsas, carteiras e até mochilas.
Quem estiver interessados em mudar a rotina e incluir a bicicleta como meio de transporte, pode encontrar mais informações nos sites abaixo.

http://debikeaotrabalho.org/dicas/
http://bikeanjo.com.br/bikeanjo/
http://bikepe.com

Fotos e ilustração: Riva Spinelli

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